sábado, 2 de outubro de 2010

O QUE É DOMÍNIO MORFOCLIMATICO? + LISTA DE EXERCÍCIOS

Por Keilla Costa

Uma grande dificuldade quando se pretende dividir um território em paisagens naturais é que os limites dos seus elementos em geral não se coincidem.

Assim, em determinado compartimento do relevo nem sempre o clima ou a vegetação são semelhantes em toda a sua extensão, como por exemplo, o planalto. E determinado tipo de clima pode abranger um planalto e uma planície, bem como vários tipos de vegetações.

Esse problema pode ser resolvido em áreas de transição, faixas de terra em que não há homogeneidade dos elementos naturais, há a presença de elementos de conjuntos diferentes, ou seja, há áreas em que ocorre certa semelhança, em toda a sua extensão, do tipo de clima, relevo, hidrografia, vegetação e solo.

Outra dificuldade para dividir um território em paisagens naturais é o fato de não existir nenhuma regra geral para isso. Não há nenhum elemento determinante a partir do qual se defina todo o conjunto. Antigamente, costumava-se considerar o clima (ligado às latitudes) como determinante, dividindo-se as paisagens naturais do globo em zonas tropicais, temperadas, subtropical e etc.

De vez em quando, outro elemento da paisagem natural, principalmente a vegetação ou em alguns casos o relevo, é mais importante que o clima para explicar o conjunto.

O clima não é mais estudado como dependente apenas da latitude, mas principalmente da dinâmica atmosférica, da ação das massas de ar. Temos como exemplo a caatinga e o clima semi-árido no sertão nordestino ou a cobertura florestal da porção litorânea do país, desde o nordeste até o sul.

Por causa disso, não se usa mais, mesmo para o Brasil, o termo zona e sim domínio – conjunto natural em que há interação entre os elementos e o relevo, clima ou vegetação, que são determinantes.


http://www.alunosonline.com.br/geografia/dominios-morfoclimaticos/
Postado por Maria do Carmo às 15:40 0 comentários
SEGUNDA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2010

Domínios Morfloclimáticos Brasileiros, Os (segundo Aziz Ab’Saber)

sobre Geografia Por Denis Richter
drichtersa@hotmail.com
Publicidade


Dentre os diversos tipos de clima e relevo existente no Brasil, observamos que os mesmos mantêm grandes relações, sejam elas de espaço, de vegetação, de solo entre outros. Caracterizando vários ambientes a longo de todo território nacional. Para entende-los, é necessário distinguir um dos outros. Pois a sua compreensão deve ser feita isoladamente. Nesse sentido, o geógrafo brasileiro Aziz Ab’Saber, faz uma classificação desses ambientes chamados de Domínios Morfoclimáticos. Este nome, morfoclimático, é devido às características morfológicas e climáticas encontradas nos diferentes domínios, que são 6 (seis) ao todo e mais as faixas de transição. Em cada um desses sistemas, são encontrados aspectos, histórias, culturas e economias divergentes, desenvolvendo singulares condições, como de conservação do ambiente natural e processos erosivos provocados pela ação antrópica. Nesse sentido, este texto vem explicar e exemplificar cada domínio morfoclimático, demonstrando sua localização, área, povoamento, condições bio-hidro-climáticas, preservação ambiental e economia local.

Os Domínios Morfoclimáticos

Os domínios morfoclimáticos brasileiros são definidos a partir das características climáticas, botânicas, pedológicas, hidrológicas e fitogeográficas; com esses aspectos é possível delimitar seis regiões de domínio morfoclimático. Devido à extensão territorial do Brasil ser muito grande, vamos nos defrontar com domínios muito diferenciados uns dos outros. Esta classificação feita, segundo o geógrafo Aziz Ab’Sáber (1970), dividiu o Brasil em seis domínios:

I – Domínio Amazônico – região norte do Brasil, com terras baixas e grande processo de sedimentação; clima e floresta equatorial;
II – Domínio dos Cerrados – região central do Brasil, como diz o nome, vegetação tipo cerrado e inúmeros chapadões;
III – Domínio dos Mares de Morros – região leste (litoral brasileiro), onde se encontra a floresta Atlântica que possui clima diversificado;
IV – Domínio das Caatingas – região nordestina do Brasil (polígono das secas), de formações cristalinas, área depressiva intermontanhas e de clima semi-árido;
V – Domínio das Araucárias – região sul brasileira, área do habitat do pinheiro brasileiro (araucária), região de planalto e de clima subtropical;
VI – Domínio das Pradarias – região do sudeste gaúcho, local de coxilhas subtropicais.

I – Domínio Morfoclimático Amazônico&

Situação Geográfica

Situado ao norte brasileiro, o domínio Amazônico é a maior região morfoclimática do Brasil, com uma área de aproximadamente 5 milhões km² – equivalente a 60% do território nacional – abrangendo os Estados: Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Maranhão, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato Grosso. Encontram-se como principais cidades desta região: Manaus, Belém, Rio Branco, Macapá e Santarém.

Características do Povoamento

A região é pouco povoada, sua densidade demográfica é de aproximadamente 2,88 hab./km². Isto se deve ao fato da grande extensão territorial e dos difíceis acessos ao interior dessa área. Nesse sentido, o governo em 1970, fez o programa de ocupação populacional na região amazônica, com migrações oriundas do nordeste. A extração da borracha permitiu desenvolver esta área, antes inóspita economicamente, numa região de alta produtividade, seja ela econômica, cultural ou social. Nessa época, muitas cidades foram afetadas com o crescimento gerado pelo capital. O governo continuou auxiliando e orientando o desenvolvimento da região e incorpora em Manaus a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), que trouxe para a capital amazonense muitas indústrias transnacionais. Tanto foi a resposta desta “zona livre”, que antes da Zona Franca de Manaus, a mesma cidade detinha uma população de 300 mil/hab e com a instalação desta área, passou para 800 mil/hab. Outros projetos são instalados pelo governo federal na região amazônica, como: o Projeto Jari, o Programa Calha Norte, o PoloNoroeste e o Projeto Grande Carajás. Com isso, inicia-se a exploração mineral e vegetal da Amazônia. Mas os resultados desses projetos foram pobres em sua maioria, pois com a retirada da vegetação natural o solo tornava-se inadequado ao cultivo da agricultura.

Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas

Este domínio sofre grande influência fluvial, já que aí se encontra a maior bacia hidrográfica do mundo – a bacia amazônica. A região passa por dois tipos de estações flúvio-climáticas, a estação das cheias dos rios e a estação da seca, porém esta última estação não interrompe o processo pluviométrico diário, só que em índices diferentes. O transporte existente também é influenciado pela enorme rede hidrográfica, enquanto que o rodoviário é quase inexistente. Assim, o transporte fluvial e o aéreo são muito utilizados devido às facilidades encontradas neste domínio. Como se trata de uma floresta equatorial considerada um bioma riquíssimo, é de fundamental importância entendê-la para não desestruturar seu frágil equilíbrio. Devido à existência de inúmeros rios, a região sofre muita sedimentação por parte fluvial, já que a precipitação é abundante (2.500 mm/ano), transformando a região numa grande “esponja” que detém altas taxas de umidade no solo. Este mesmo solo é formado basicamente por latossolos, podzólicos e plintossolos, mas o mesmo não detém características de ser rico à vegetação existente, na verdade, o processo de precipitação é o que torna este domínio morfoclimático riquíssimo em floresta hidrófita e não o solo, como muitas pessoas pensam que é o responsável por tudo isto. Valendo destacar os tipos de matas encontradas na Amazônia, como: de iaipó – de regiões inundadas; de várzea – de regiões inundadas ciclicamente e de terras altas – que dificilmente são inundadas. As espécies de árvores encontradas nesta região são: castanaha-do-pará, seringueira, carnaúba, mogno, etc. (essas duas últimas em extinção); os animais: peixe-boi, boto-cor-de-rosa, onça-pintada; e a flora com a vitória régia e as diversas orquídeas.

Com um grande processo de lixiviação encontrado na Amazônia, essa ação torna o solo pobre levando todos os seus nutrientes pela força da capacidade do rio (correnteza). Mas esta riqueza diversa não deve ser confundida como grande potencialidade agrícola, pois com a retirada da vegetação nativa, transforma o solo num grande alvo da erosão, devido as fortes chuvas ocorridas na região. A rede hidrográfica é outra fonte de potencialidade econômica da Amazônia, pois seus leitos fluviais são de grande piscosidade, o que torna a área num importante atrativo natural para o turismo, às indústrias pesqueiras e a população ribeirinha. Com um clima equatorial, sem muitas mudanças de temperatura ao longo do ano, a região amazônica diferencia-se apenas nas épocas das chuvas (ou cheias dos rios) e das secas. Assim esta primeira época faz com que os rios transbordem e nutram as áreas de terras marginais ao leito dos mesmos. Com um solo essencialmente argiloso e a forte influência do escoamento fluvial, faz com que a Amazônia torna-se uma área de terras baixas, decapitando as formações existentes no seu substrato rochosos.

Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis

Nos dias atuais é grande a devastação ambiental na Amazônia – queimadas, desmatamentos, extinção de espécies, etc. – fazem com que a região e o mundo preocupe-se com seu futuro, pois se trata da maior reserva florestal do globo. Ecologicamente a Amazônia está correndo muito perigo, devido ao grande atrativo econômico natural que é encontrado nesta região, o equilíbrio é colocado muitas vezes em risco. A exploração descontrolada faz com que as ideologias conservacionistas sejam deixadas de lado. As indústrias mineradoras geram conseqüências incalculáveis ao ambiente e nos rios são despejados muitos produtos químicos para esta exploração. A agricultura torna áreas de vegetação em solos de fácil erosividade e em resposta a tudo isso, gera-se um efeito “dominó” no meio ambiente, onde um é responsável e necessário para o outro. São poucas as atividades econômicas que não agridem a natureza. A extração da borracha, por exemplo, era uma economia viável ecologicamente, pois necessitava da floresta para o crescimento das seringueiras. Mas atualmente, esta exploração é quase rara, devido à falta de indústrias consumidoras. Nesse sentido, deverão ser tomadas medidas de aprimoramento nas explorações existentes nesta região, para que deixem de causar imensas seqüelas ao ambiente natural.

II – Domínio Morfoclimático dos Cerrados

Situação Geográfica

Formado pela própria vegetação de cerrado, nesta área encontram-se as formações de chapadas ou chapadões como a Chapada dos Guimarães e dos Veadeiros, a fauna e flora ali situada, são de grande exuberância, tanto para pontos turísticos, como científicos. Vale destacar que é da região do cerrado que estão três nascentes das principais bacias hidrográficas brasileiras: a Amazônica, a São-Franciscana e a Paranáica.

Localizado na região central do Brasil, o Domínio Morfoclimático do Cerrado detém uma área de 45 milhões de hectares, sendo o segundo maior domínio por extensão territorial. Incluindo neste espaço os Estados: do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, do Tocantins (parte sul), de Goiás, da Bahia (parte oeste), do Maranhão (parte sudoeste) e de Minas Gerais (parte noroeste). Encontrado ao longo de sua área cidades importantes como: Brasília, Cuiabá, Campo Grande, Goiânia, Palmas e Montes Claros.

Características do Povoamento

Devido a sua localização geográfica ser no interior brasileiro, o povoamento e a ocupação territorial nesta região era fraca, mas o governo federal vem a intervir com os programas de políticas de interiorização do desenvolvimento nos anos 40 e 50, e da política de integração nacional dos anos 70. A primeira é baseada, principalmente, na construção de Brasília e a segunda, nos incentivos aos grandes projetos agropecuários e extrativistas, além de investimentos de infra-estrutura, estradas e hidroelétricas. Com estes recursos, a região vem a atrair investidores e mão-de-obra, e conseqüentemente ocorre um salto no crescimento populacional de cada Estado, como no Mato Grosso que em 1940 sua população era de 430 mil/hab. e em 1970 vai para 1,6 milhões/hab. Tal foi à resposta destes programas, que nos dias de hoje o setor agrícola do cerrado ocupa uma ótima colocação em produção, em virtude de migrações do sul do Brasil.

Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas

Centrada no planalto brasileiro, o domínio do cerrado é dividido pelas formações de chapadas que existem ao longo de sua extensão territorial, estas que são “gigantescos degraus” com mais de 500 metros de altura, formadas na era geológica Pré-Cambriana, limitam o planalto central e as planícies – como a Pantaneira. Com sua flora única, constituída por árvores herbáceas tortuosas e de aspecto seco, devido à composição do solo, deficiente em nutrientes e com altas concentrações de alumínio, a região passa por dois períodos sazonais de precipitação, os secos e os chuvosos. Com sua vegetação rasteira e de campos limpos, o clima tropical existente nesta área, condiz a uma boa formação e um ótimo crescimento das plantas. Também auxiliado pela importante rede hidrográfica da região, de onde são oriundas nascentes das três maiores bacias hidrográficas do Brasil como foi destacado no início. Isto lhe dá uma imensa responsabilidade ambiental, pois denota a sua significativa conservação natural. Com um solo formado principalmente por latossolos, areais quartzosas e podzólicos; constituem assim um solo carente em nutrientes fertilizantes, necessitando de correção para compor uma terra viável à agricultura. Observa-se também, que este mesmo solo apresenta características à fácil erosividade devido às estações chuvosas que ali ocorrem e principalmente a degradação ambiental descontrolada, estes processos fazem a remoção da vegetação nativa que tornam frágeis os horizontes “A” frente aos problemas ambientais existentes, como a voçoroca.

Condições Ambientais e Ecologicamente Sustentáveis

Em vista desses aspectos fisiográficos, o cerrado atraiu muita atenção para a agricultura, o que lhe tornou uma região de grande produção de grãos como a soja e agropastoril, com a ótima adaptação dos gados zebu, nelore e ibagé. Em virtude disso, o solo nativo foi retirado e alterado por outra vegetação, condizendo a uma maior facilidade aos processos erosivos, devido à falta de cobertura vegetal, seja ela gramínea ou herbácea. Nesse sentido, faz-se muito pouco pela preservação e conservação das matas nativas – a não ser nas áreas demarcadas como reservas bio-ecológicas. Outra exploração ativa é a mineral, como o ouro e o diamante, donde decorre uma grande devastação à natureza. Dessa forma, os governos, tanto federal, estadual ou municipal, deverão tomar decisões imediatas quanto à proteção do meio natural, pois deve ocorrer, sim, a exploração pastoril, agrícola e mineral dessa região, porém não se deve esquecer que para a efetiva existência dessas economias o ambiente deverá ser prudentemente conservado.


III – Domínio Morfoclimático de Mares de Morros

Situação Geográfica

Este domínio estende-se do sul do Brasil até o Estado da Paraíba (no nordeste), obtendo uma área total de aproximadamente 1.000.000 km². Situado mais exatamente no litoral dos Estados do: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, da Bahia, Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba; e no interior dos Estados, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Incluindo em sua extensão territorial cidades importantes, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife, Porto Alegre e Florianópolis.

Características de Povoamento

Como encontra-se na região litorânea leste do Brasil, foi o primeiro lugar a ser descoberto e colonizado pelos portugueses – tanto que é em Porto Seguro, Bahia, que atracou o navegante Pedro Álvares Cabral, descobrindo o Brasil. Com isso, a primeira capital da colônia portuguesa na América foi Salvador, onde iniciaram-se os processos de colonização e povoamento, respectivamente. É neste domínio que estão as duas maiores cidades brasileiras – São Paulo e Rio de Janeiro. Isto se deve a antiga constituição das duas cidades como centros econômicos, integradores, culturais e políticos. Foram muitos os resultados desse povoamento, como por exemplo, a maior concentração populacional do Brasil e a de melhor base econômica.

Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas

Como o próprio nome já diz, é uma região de muitos morros de formas residuais e curtos em sua convexidade, com muitos movimentos de massa generalizados. Os processos de intemperismo, como o químico, são freqüentes, motivo pelo qual as rochas da região encontram-se geralmente em decomposição. Tem uma significativa gama de redes de drenagens, somados à boa precipitação existente (1.100 a 1.800 mm a/a e 5.000 mm a/a nas regiões serranas), que é devido à massa de ar tropical atlântica (MATA) e aos ventos alísios de sudeste, que ocasionam as chuvas de relevo nestas áreas de morros. Assim, os efeitos de sedimentação em fundos de vale e de colúvios nas áreas altas são muito intensos. A vegetação natural é da mata chamada Atlântica, com poucas áreas nativas de suma importância aos ecossistemas ali existentes. Sua flora e fauna são de grande respaldo ambiental e o solo é composto em sua maioria por latossolos e podzólicos, sendo muito variável. A textura se contradiz de região para região, pois é encontrado tanto um solo arenoso como argiloso. Como a sua extensão territorial alarga-se entre Norte – Sul, seu clima dependerá da sua situação geográfica, diferenciando-se em: tropical, tropical de altitude e subtropical.

Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis

Lembrando que foi colocado anteriormente em relação ao povoamento, essas terras já estão sendo utilizadas economicamente há muitos anos. Decorrente disso, observa-se uma considerável desgastação do solo que elucida uma atual preservação das matas restantes. Esta região já sofreu muita devastação do homem e da sociedade e devem ser tomadas atitudes urgentes para sua conservação. Existem muitos programas, tanto do governo como privados, para a proteção da mata atlântica. Destaca-se por exemplo, a Fundação O Boticário (privado), que detém áreas de preservação ao ambiente natural e o SOS Mata Atlântica (governamental e privado). Neste sentido, a solução mais adequada para este domínio, seria a estagnação de muitos processos agrícolas ao longo de sua área, pois o solo encontra-se desgastado e com problemas erosivos muito acentuados. Deixando assim, a terra “descansar” e iniciar um projeto de reconstituição à vegetação nativa.
IV – Domínio Morfoclimático das Caatingas

Situação Geográfica

Situado no nordeste brasileiro, o domínio morfoclimático das caatingas abrange em seu território a região dos polígonos das secas. Com uma extensão de aproximadamente 850.000 km², este domínio inclui o Estado do Ceará e partes dos Estados da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Piauí. Tendo como principais cidades: Crato, Petrolina, Juazeiro e Juazeiro do Norte.

Características do Povoamento

Sendo uma das áreas junto ao domínio morfoclimático dos mares de morros, de colonização pelos europeus (portugueses e holandeses), sua história de povoamento já é bastante antiga. A caatinga foi sempre um palco de lutas de independência, seja ela escravista ou nacionalista. A região tornou-se alvo de bandidos e fugitivos contrários ao Reinado Português e posteriormente ao Império Brasileiro. Como o domínio das caatingas localiza-se numa área de clima seco, logo chamou a atenção dos mesmos para refugiarem-se e construírem suas “fortalezas”, chamados de cangaceiros. Com isso o processo de povoamento, instaurados nos anos 40 e 50, centrou-se mais em áreas próximas ao litoral, mas o governo federal investiu em infra-estrutura na construção de barragens, açudes e canais fluviais, surgindo assim o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Entretanto, o clima “desértico” da caatinga, prejudicou muito a ocupação populacional nesta região, sendo que a caatinga continua sendo uma área preocupante no território brasileiro em vista do seus problemas sociais, que são imensos. Valendo destacar que com todos esses obstáculos sociais e naturais da caatinga, seus habitantes partem para migração em regiões como a Amazônia e o sudeste brasileiro, chamada de migrações de transumância (saída na seca e volta na chuva).

Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas

Com o seu clima semi-árido, o solo só poderia ter características semelhantes. Sendo raso e pedregoso, o solo da caatinga sofre muito intemperismo físico nos latossolos e pouca erosão nos litólicos e há influência de sais em solo, como: solonetz, solodizados, planossolos, solódicos e soonchacks. Segundo Ab´Saber, a textura dos solos da caatinga passa de argilosa para textura média, outra característica é a diversidade de solos e ambientes, como o sertão e o agreste. Mesmo tendo aspectos de um solo pobre, a caatinga nos engana, pois necessita apenas de irrigação para florescer e desenvolver a cultura implantada. Tendo pouca rede de drenagem, os mínimos rios existentes são em sua maioria sazonais ao período das chuvas, que ocorrem num curto intervalo durante o ano. Porém existe um “oásis” no sertão nordestino, o Rio São Francisco, vindo da região central do Brasil, irriga grandes áreas da caatinga, transformando suas margens num solo muito fértil – semelhante o que ocorre com as áreas marginais ao Rio Nilo, no Egito. Neste sentido, comprova-se que a irrigação na caatinga pode e deve ser feita com garantia de bons resultados. Outro fato que chama a atenção, é a vegetação sertaneja, pois ela sobrevive em épocas de extrema estiagem e em razão disso sua casca é dura e seca, conservando a umidade em seu interior. Assim, a região é caracterizada por uma vegetação herbácea tortuosa, tendo como espécies: as cactáceas, o madacaru, o xique-xique, etc.

Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis

Devido o homem não intervir de significativa maneira em seu habitat, o ambiente natural da caatinga encontra-se pouco devastado. Sua região poderia ser ocupada mais a nível agrícola, em virtude do seu solo possuir boas condições de manejo, só necessitando de irrigação artificial. Assim, considerando os fatos apresentados, a caatinga teria condições de desenvolver-se economicamente com a agricultura, que seria de suma importância para acabar com a miséria existente. Mas sem esquecer de utilizar os recursos naturais com equilíbrio, sendo feito de modo organizado e pré-estabelecido à não causar desastres e conseqüências ambientais futuros.

V – Domínio Morfoclimático das Araucárias

Situação Geográfica

Encontrado desde o sul paulista até o norte gaúcho, o domínio das araucárias ocupa uma área de 400.000 km², abrangendo em seu território cidades importantes, como: Curitiba, Ponta Grossa, Lages, Caxias do Sul, Passo Fundo, Chapecó e Cascavel.

Características do Povoamento

A região das araucárias foi povoada no final do século XIX, principalmente por imigrantes italianos, alemães, poloneses, ucranianos etc. Com isto, os estrangeiros diversificaram a economia local, o que tornou essa região uma das mais prósperas economicamente. Caracterizado por colônias de imigração estabelecidas pela descendência estrangeira, podemos destacar como principais pontos, as cidades de: Blumenau – SC , colônia alemã; Londrina – PR, colônia japonesa; Caxias do Sul – RS, colônia italiana. Mas a vinda desses imigrantes não foi só boa vontade do governo daquela época. O Brasil tinha acabado de terminar a sua guerra com Paraguai, que deixou muitas perdas em sua população, em virtude disso a solução foi atrair imigrantes europeus e asiáticos.

Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas

Atualmente, a vegetação de araucária – chamada de pinheiro-do-Paraná, ou pinheiro-braseleiro – pouco resta, as indústrias de celulose e madeireiras da região, fizeram um extrativismo descontrolado que resultou no desaparecimento total em algumas áreas. Sua condição de arbórea, geralmente com mais de 30 m de altura, condiz a um solo profundo, em virtude de suas raízes estabelecerem a sustentação da própria árvore. A região das araucárias encontra-se no planalto meridional onde a altitude pode variar de 500 metros até cerca de 1.200 m. Isso evidencia um clima subtropical em toda sua extensão que mantém uma boa relação com a precipitação existente nesse domínio, variando de 1.200 a 1.800 mm. Nesse sentido, a região identifica-se com uma grande rede de drenagem em toda a sua extensão territorial. O solo é formado principalmente por latossolos brunos e também é encontrado latossolos roxos, cambissolos, terras brunas e solos litólicos. Com estas características, o solo detém uma alta potencialidade agrícola, como: milho, feijão, batata, etc. As morfologias do relevo se destacam por uma forte ondulação até um montanhoso, o que o representa num solo de fácil adesão a processos erosivos, iniciados pela degradação humana e social.

Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis

Percebe-se atualmente que esta arbórea quase desapareceu dessa região, devido à descontrolada exploração da araucária para produção de celulose. Felizmente, medidas foram tomadas e hoje a araucária é protegida por lei estadual no Paraná. Mas os questionamentos ambientais não estão somente na vegetação. Devido este solo ser utilizado há anos vêem a ocorrer uma erosividade considerada. Em virtude do mesmo, surge a técnica de manejo agrícola chamada plantio direto, que evidencia uma proteção ao solo nu em épocas de pós-safra. Nesse sentido, o domínio morfoclimático das araucárias, que compreende uma importante área no sul brasileiro, detém um nível de conservação e reestruturação vegetal considerável. Mas não se deve estagnar esse processo positivo, pois necessitamos muito dessas terras férteis que mantém as economias locais.


VI – Domínio Morfoclimático das Pradarias

Situação Geográfica

Situado ao extremo sul brasileiro, mais exatamente a sudeste gaúcho, o domínio morfoclimático das pradarias compreende uma extensão, segundo Ab’Saber, de 80.000 km² e de 45.000 km² de acordo com Fontes & Ker – UFV. Tendo como cidades importantes em sua abrangência: Uruguaiana, Bagé, Alegrete, Itaqui e Rosário do Sul.

Características do Povoamento

Território mãe da cultura gauchesca, suas tradições ultrapassam gerações, demonstrando a força da mesma. Caracterizado por um baixo povoamento, a região destaca-se grandes pelos latifúndios agropastoris, que são até hoje marcas conhecidas dos pampas gaúchos. Os jesuítas iniciaram o povoamento com a catequização dos índios e posteriormente surgem as povoações de charqueadas. Passando por bandeirantes e tropeiros, as pradarias estagnam esse processo (ciclo do charque) com a venda de lotes de terras para militares, pelo governo federal. Devido à proximidade geográfica com a divisão fronteiriça de dois países (Argentina e Uruguai), ocorreram várias tentativas de anexação dos pampas a uma destas nações – devido aos tratados de Madrid e de Tordesilhas. Mas as tentativas foram inválidas, hoje os pampas continuam sendo parte do território brasileiro.

Características Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas

Como é uma área também chamada de pradarias mistas, o solo condiz ao mesmo. Segundo Ab’Saber, que o caracteriza como diferente de todos os outros domínios morfoclimáticos, existindo o paleossolo vermelho e o paleossolo claro, sendo de clima quente e frio. Denominado um solo jovem, devido guardar materiais ferrosos e primários, sua coloração vêem a ser escura. Estabelecido por um clima subtropical com zonas temperadas úmidas e sub-úmidas, a região é sujeita a sofrer alguma estiagem durante o ano. Sua amplitude térmica alcança índices elevados, como em Uruguaiana, considera a mais alta do Brasil, com 7° a/a. Isto evidencia suas limitações agrícolas, pois o solo é pouco espesso e têm indícios de pedrugosidade. Assim, caracteriza-o a uma atividade pastoril de bovinos e ovinos. Com a utilização do solo sem controle, denota-se um sério problema erosivo que origina as ravinas e posteriormente as voçorocas. Esse processo amplia-se rapidamente e origina o chamado deserto dos pampas. A drenagem existente é perene com rios de grande vazão, como: Rio Uruguai, Rio Ibicuí e o Rio Santa Maria.

Condições Ambientais e Economicamente Sustentáveis

O domínio morfoclimático das Pradarias detém importantes reservas biológicas, como a do Parque Estadual do Espinilho (Uruguaiana e Barra do Quarai) e a Reserva Biológica de Donato (São Borja). As condições ambientais atuais fora desses parques, são muito preocupantes. Com o início da formação de um deserto que tende a crescer anualmente, essa região está sendo foco de muitos estudos e projetos para estagnar esse processo. Devido ao mau uso da terra pelo homem, como a monocultura e as queimadas, essas darão origem as ravinas, que por sua vez farão surgir às voçorocas. Como o solo é muito arenoso e a morfologia do relevo é levemente ondulado, rapidamente os montantes de areia espalham-se na região ocasionados pela ação eólica. Em virtude a tudo isso, poucas medidas estão sendo tomadas, exceto os estudos feitos. Assim, as autoridades locais deverão estar alerta, para que esse processo erosivo tenha um fim antes que torne toda as pradarias num imenso deserto.


Faixas de Transições

Encontrados entre os vários domínios morfoclimáticos brasileiros, as faixas de transições são: as Zonas dos Cocais, a Zona Costeira, o Agreste, o Meio-Norte, as Pradarias, o Pantanal e as Dunas. Espalhadas por todo o território nacional, constituem importantes áreas ambientais e econômicas.

Faixas de Transição Nordestinas

A zona dos cocais, representa uma importante fonte de renda à população nordestina, pois é nessa área principalmente, que se faz à extração dos cocos. A zona costeira detém outra característica, é uma importante região ambiental, onde se encontra a vegetação de mangue, que constitui um bioma riquíssimo em decomposição de matéria. Outra faixa de transição é o agreste, que é responsável pela produção de alimentos para o nordeste, como: leite, aves, sisal, entre outras matérias primas para indústrias. No litoral cearense, encontra-se as dunas, que é uma região de montantes de areias depositados pela ação dos ventos e de constante remodelação.

O meio-norte se estabelece entre a caatinga do sertão e a Amazônia (Maranhão e Piauí). Com uma diversidade de vegetação como cerrado e matas de cocais, o meio-norte detém sua economia na pecuária bovina, chamada de pé-duro e na criação do jegue. A carnaúba e o óleo de babaçú são outras fontes de extrativismo. Sem esquecer que todas estas zonas demonstradas situam-se na região nordestina brasileira.

Faixa de Transição da Região Sul Brasileira

Na região sul, encontra-se a zona de transição das Pradarias, que se situa entre os domínios morfoclimáticos da Araucária e das Pradarias. São geralmente campos acima de serras e são encontradas vegetações do tipo araucárias, de campo, floresta e cerrado. Assim, os sistemas naturais situados nessa região, são de fundamental importância para o meio natural envolvente a ela.

Faixa de Transição – Pantanal

O pantanal é uma das principais zonas de transição encontrada no Brasil. Ele é um complexo ambiental de suma importância, pois compreende uma grande diversidade de fauna e flora. Situado em regiões serranas e em terras altas, o pantanal é considerado um grande reservatório de água, devido encontrar-se numa depressão entre várias montanhas. Sua rede fluvial é composta por rios, como: Cuiabá, Taquari, Paraguai etc, sendo considerados rios perenes.

Como o pantanal passa por duas estações climáticas durante o ano, a seca e as cheias dos rios, essa região detém características e denominações únicas, como: “cordilheira” – que significa áreas mais altas, onde não sofrem alagamentos (pequenas elevações); salinas – regiões deprimidas que se tornam lagoas rasas e salgadas com as cheias dos rios; barreiros – são os depósitos de sal após a seca das salinas; caixas – canais que ligam lagoas, existindo somente durante as inundações; e vazante – cursos d´aguas existente durante as épocas das chuvas. Com tudo, o pantanal sofre conseqüências ambientais como a exploração mineral, que poluem intensamente os rios – considerados como os responsáveis pela existência da biodiversidade da região. A pecuária e a utilização de enormes monoculturas, fazem o despejo de uma grande quantidade de agrotóxicos aos rios.

Nesse sentido, a preservação dessas zonas de transição são consideradas de suma importância para a existência dos domínios morfoclimáticos brasileiros. Pois eles estabelecem uma relação direta com a fauna, flora, hidrografia, clima e morfologia, conservando o equilíbrio dos frágeis sistemas ecológicos.
http://www.algosobre.com.br/geografia/dominios-morfloclimaticos-brasileiros-os-segundo-aziz-ab-saber.html
Postado por Maria do Carmo às 08:06 0 comentários
QUARTA-FEIRA, 16 DE JUNHO DE 2010

LISTA DE EXERCÍCIOS DE GEOGRAFIA DO BRASIL
01. Sobre o domínio amazônico, assinale a alternativafalsa:

a) Compõe-se em sua maior parte por baixos planaltos e planícies.
b) A hidrografia é riquíssima, com furos, igarapés, paranás-mirins e lagos da várzea.
c) Devido a riqueza mineral orgânica das águas dos rios é grande a piscosidade.
d) Devido à exportação de peixes a matança tem-se descontrolado, colocando em risco várias espécies.
e) O solo amazônico tem-se mostrado fertilíssimo, prestando-se a grande monocultura exportadora.


02. Da ação de solapamento realizado pelas ondas do mar na costa brasileira resulta uma forma
de relevo escarpado, que se apresenta, geralmente, mais vertical nas formações sedimentares que nas cristalinas. São:

a) os tômbolos.
b) os pães-de-açúcar.
c) as falésias.
d) os canyons.
e) os fiords.


03. Geomorfologicamente a Serra do Mar é classificada como:

a) uma escarpa de planalto.
b) um altiplano.
c) uma sucessão de montanhas.
d) uma bacia de sedimentação.
e) um dobramento terciário.


04. No Sudeste Ocidental do Brasil, a decomposição de rocha vulcânica do tipo basáltico originou um solo típico
de regiões onde se cultiva café, conhecido como:

a) látex;
b) arenoso;
c) pantanal;
d) terra roxa;
e) calcário.


05. Podemos considerar agentes internos e externos do Globo Terrestre respectivamente:

a) Tectonismo e intemperismo.
b) Vento e vulcanismo.
c) Águas correntes e intemperismo.
d) Vento e águas correntes.
e) N.d.a.


06. Os escudos ou maciços antigos brasileiros formaram-se na era:

a) cenozóica
b) terciária
c) pré-cambriana
d) mesozóica
e) quaternária


07. Entres os três tipos principais de estruturas geológicas é correto afirmar que NÃO existe no território:

a) bacias sedimentares;
b) escudos cristalinos;
c) dobramentos modernos;
d) terrenos pré-cambrianos;
e) jazidas petrolíferas.

08. Assinale a alternativa que apresenta o que têm em comum as seguintes cadeias montanhosas: Andes, Himalaia,
Alpes e Rochosas.

a) Geologicamente recentes e resultantes de desdobramentos.
b) Geologicamente antigas e resultantes de desdobramentos.
c) Localizam-se nas porções orientais dos continentes por onde ocorrem.
d) Geologicamente constituídas por terrenos cristalinos antigos.
e) Os grandes desníveis foram provocados por falhamentos em terrenos cristalinos.


09. Área localizada entre as serras do Mar e Mantiqueira. Ocupada por extensos cafezais no século passado,
atualmente se caracteriza por atividades pecuárias e grande desenvolvimento urbano industrial. O texto se refere
ao Vale do Rio

a) Ribeira.
b) Paranapanema.
c) Paraíba do Sul.
d) Piracicaba.
e) Jundiaí.


10. Os terrenos cristalinos de origem proterozóica do Brasil caracterizam-se:

a) por formarem extensas planícies aluvionais.
b) pela grande riqueza em minerais metálicos.
c) pelas altitudes superiores a 3000m.
d) pela ocorrência de combustíveis fósseis.
e) pelo solo tipo terra roxa.
Postado por Maria do Carmo às 05:45 0 comentários
Início
Assinar: Postagens (Atom)
SEGUIDORES

terça-feira, 22 de junho de 2010

Qual a diferença entre bioma e domínio morfoclimático?

Resumidamente: Enquanto o BIOMA leva em consideração os fatores bióticos, ou seja, populações biológicas que habitam um determinado local, o conceito de DOMÍNIO MORFOCLIMÁTICO, proposto pelo geógrafo Aziz Ab'Saber, leva em consideração, como o nome sugere, os aspectos físicos do relevo, sobretudo a interação entre o clima e forma de um determinado local.
Ex: O Bioma Caatinga trata das espécies de fauna e flora que pertencem à trechos da Região Nordeste, já o Domínio Morfoclimático da Caatinga, trata do clima semi-árido que influencia na configuração do relevo, de estrutura cristalina e tal.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

cerrado-chapada dos guimarães






Uma das principais atrações do cerrado brasileiro, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães foi criado em 1989 com o objetivo de proteger as enormes formações rochosas de arenito, mirantes que oferecem ampla visão da planície pantaneira e muitas quedas d”água, graças à rica hidrografia e às bruscas mudanças de altitude

aluno:rafael ribeiro 4 adc

Domínio da Amazônia

Domínio da Mata Atlântica




Mapa de Vegetação do IBGE, elaborado em 1993.

by: Emilly Alves

quarta-feira, 16 de junho de 2010

PLANO DE AULA II


Biomas brasileiros:
Mais sobre biomas brasileiros
Série sobre biomas brasileiros:
Parte 1 - mapeamento
Parte 2 - Amazônia
Parte 3 - Mata Atlântica
Parte 4 - Cerrado
Parte 5 - Caatinga
Parte 6 - No Pantanal, nos campos, no litoral
Parte 7 - Desafios da conservação
Planeta Sustentável:
Cerrado, um drama em silêncio
Era uma vez a Mata Atlântica
Especial Amazônia
Vídeos Planetinha. Informações sobre os biomas brasileiros

Parte 1 - mapeamento

Bloco de Conteúdo
Paisagem
Conteúdo
Paisagens brasileiras

Objetivos

Identificar as características dos biomas brasileiros e avaliar a importância da preservação de sua biodiversidade. Estabelecer relações entre as coberturas vegetais, fauna, clima, relevo, solos e recursos hídricos em biomas e ecossistemas situados no território brasileiro.
Ler e interpretar informações em diferentes representações cartográficas.

Conteúdos
Biomas brasileiros: caracterização, distribuição, usos, riscos e ameaças
Domínios morfoclimáticos brasileiros
Seres vivos e meio físico: interações ecológicas
Biodiversidade: níveis e escalas

Anos
6º ao 9º ano

Tempo estimado
6 aulas

Introdução

Esta sequência didática é a primeira de uma série de oito propostas sobre os biomas brasileiros para Ensino Fundamental II. A partir de pesquisas, produção de textos e mapas, painéis e debates, os alunos vão entender a complexidade dos biomas do país e avaliar sua diversidade natural, hoje ameaçada pela expansão econômica e por algumas formas de uso e ocupação do território.

Nesta primeira sequência, a turma vai compreender os conceitos de biomas e domínios morfoclimáticos e aprender as principais características naturais do Brasil. Os estudantes vão entender, também, quais os efeitos do uso e da ocupação da terra para a preservação da diversidade natural brasileira. A segunda aula, que já está no ar, trata especificamente do bioma Amazônia.

Nas seguintes, que são publicadas quinzenalmente, os alunos vão analisar os demais biomas em separado, de modo a aprofundar o conhecimento sobre eles. A série terminará com dois planos de aula sobre os desafios para a conservação da biodiversidade brasileira, em que a moçada deverá relacionar os conteúdos aprendidos (confira o cronograma abaixo).

Próxima aula:
28/06 - Biomas brasileiros: o desafio da conservação (parte 2)

Desenvolvimento

1ª aula

Faça uma roda de conversa com a turma sobre o que eles já sabem a respeito dos biomas brasileiros. Peça que descrevam os aspectos naturais do local em que vivem e digam como se inserem no quadro nacional.

Anote os resultados no quadro e proponha que a turma realize uma atividade de campo, em que observem o bairro ou município em que vivem. Para isso, divida os alunos em grupos e peça que elaborem um pequeno roteiro de observação. Oriente-os a incluir os seguintes pontos: espécies de plantas encontradas; porte da vegetação; características dos solos: fauna associada: aspectos climáticos, relevo e hidrografia.

2ª aula

Organize a visita e escolha um local adequado para a atividade – pode ser uma unidade de conservação no município, uma visita à área rural, ou mesmo uma volta no bairro. Acompanhe os alunos durante a atividade e aproveite para destacar as interações ecológicas do meio: presença de umidade, porte da vegetação, luminosidade, relevo e distribuição das plantas. Os registros podem ser feitos por escrito e por meio de desenhos e fotografias.

3ª aula
Já na sala de aula, peça que a turma finalize os relatórios de observação. Se os alunos não conseguirem responder a todas as questões do roteiro durante a atividade de campo, eles podem realizar pesquisas na sala de aula ou na internet.

4ª aula
O passo seguinte é entender os conceitos de bioma e domínio morfoclimático, e aprender quais os ecossistemas presentes no território brasileiro. A partir daí, a turma poderá relacionar as informações de sala de aula com os resultados do trabalho de campo e entender como o local em que vivem se insere na Geografia nacional. (Para saber mais, assista aos Vídeos Planetinha. Informações sobre os biomas brasileiros, disponíveis no site do Planeta Sustentável)



5ª aula
Na quinta aula, discuta com a moçada os riscos e ameaças aos biomas brasileiros, os limites do processo de ocupação e a necessidade de medidas e políticas públicas de proteção. Peça que examinem o mapa a seguir e comentem as principais informações encontradas:

Brasil - Domínios naturais: limites e ameaças




Domínios naturais: limites e ameaças. Fonte: THÉRY, H.; MELLO, Neli. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do Território. São Paulo: Edusp, 2006, p. 70

Com base no mapa, discuta com a classe os principais desafios de conciliar preservação com o desenvolvimento econômico-social. Peça que a classe observe algumas consequências da ação humana na natureza: desabamentos em morros sem cobertura de matas em áreas urbanas da faixa litorânea, avanço da desertificação no sertão nordestino e o arco do desmatamento na Amazônia oriental, área de expansão de fronteiras econômicas.

Explique a eles que esses problemas não surgiram recentemente, mas são o resultado de anos. Dê o exemplo das matas Atlânticas, porta de entrada para a ocupação histórica do território, hoje reduzidas a 7% de sua cobertura original, com remanescentes que precisam ser preservados em sua biodiversidade. Diga a eles que essas matas abrigam nascentes de cursos d’água e uma incrível variedade de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Elas apresentam a mais rica composição de mamíferos da América do Sul, com macacos-prego, o muriqui, a onça-parda, a jagauatirica, quatis, gambás e outros, vários deles sob ameaça.

Converse com a turma também sobre o progressivo avanço da agricultura moderna sobre os cerrados e os riscos da contaminação de cursos d’água no Pantanal (Para saber mais, leia o artigo Cerrado, um drama em silêncio, disponível no site do Planeta Sustentável). Nos campos do sul, vem avançando a formação de areais, com visível perda de solos e coberturas.

6ª aula
Para finalizar a atividade, peça que os alunos se reúnam nos grupos e proponha que elaborem um painel sobre o tema: “Biomas brasileiros: um mapeamento”. Explique à turma que eles devem representar em seus trabalhos as características dos biomas existentes no país, destacar os problemas enfrentados atualmente – podem ser feitas reproduções dos mapas analisados, acompanhadas de fotografias e ilustrações – e relacionar os traços e elementos naturais encontrados no trabalho de campo ao bioma correspondente. Acompanhe o trabalho dos grupos e esclareça possíveis dúvidas.

Como atividade de casa, solicite que cada aluno elabore um texto resumindo os conceitos aprendidos nesta sequência didática. Explique que o material será usado como apoio para as próximas aulas, em que eles vão analisar, em profundidade, cada um dos biomas brasileiros.

Avaliação
Leve em conta a participação de cada aluno nas tarefas individuais e coletivas e sua contribuição para o enriquecimento das discussões. Avalie a produção de textos – relatórios, sínteses, legenda para o painel – e a organização de textos e imagens no painel, considerando as características dos gêneros e a clareza e organização textual. Observe também o domínio de conceitos apresentados em sala. Se possível, reserve tempo para que a turma avalie a experiência.



Quer saber mais?

Bibliografia
A escultura da Terra. Domínios morfoclimáticos, Aziz Ab’Saber, Edart/Funbec, 1975
A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira, Warren Dean, Companhia das Letras, 1996.
A conservação de florestas tropicais, Sueli A Furlan e João C. Nucci, Atual, 1999

Internet
Fundação SOS Mata Atlântica. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE. Atlas dos remanescentes florestais de Mata Atlântica 2005-2008
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
Instituto Socioambiental. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2004
Mapa de Biomas do Brasil. IBGE/Ministério do Meio Ambiente (interativo)
Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade e florestas



Consultoria Roberto Giansanti
geógrafo e autor de livros didáticos

PLANO DE AULA




Comece a aula pedindo que os alunos se reúnam nos grupos e observem o mapa 01 :

Brasil - Biomas

Mapa de Biomas do Brasil. Fonte: IBGE - Ministério do Meio Ambiente, 2004


Biomas continentais brasileiros Área aproximada (km2) Área /total Brasil
Bioma Amazônia
4.196.943 km2 - 49,29%Área /total Brasil
Bioma Cerrado
2.036.448 km2 - 23,92%Área /total Brasil
Bioma Mata Atlântica
1.110.182 km2 - 13,04%Área /total Brasil
Bioma Caatinga
844.453km2 - 9,92%Área /total Brasil
Bioma Pampa
176.496 km2 - 2,07%Área /total Brasil
Bioma Pantanal
150.355 km2 - 1,76%Área /total Brasil
Área total do Brasil
8.514.877 km2


Com base neles, peça que os alunos levantem as principais características dos biomas brasileiros. Solicite que anotem as observações feitas e comente com eles os resultados encontrados.

A turma deve perceber que o Brasil é dividido em seis grandes unidades continentais, sendo a Amazônia a mais extensa, recobrindo quase 50% do território nacional e parte de países vizinhos como Peru, Bolívia, Colômbia e Venezuela. Do ponto de vista da cobertura vegetal, explique que são florestas amazônicas, assim no plural, pois temos as matas de terra firme, várzea e igapó.

Comente com a turma que outro bioma florestal, a mata Atlântica, está associada à umidade e aos ventos alíseos vindos do oceano. Sua distribuição azonal e suas altitudes variadas lhe conferem elevada diversidade de plantas e animais. O bioma apresenta florestas costeiras e interiores – ou de altitude – associadas a outros ecossistemas, como matas de restinga, estuários, campos de atitude, manguezais, mata dos pinhais e ilhas de cerrado. (Para saber mais, leia a reportagem Era uma vez a Mata Atlântica, disponível no site do Planeta Sustentável).

Somam-se a essas duas grandes áreas florestais, as coberturas vegetais abertas – como os cerrados,
segundo maior bioma do país, a caatinga e os pampas – e o conjunto complexo do Pantanal, uma grande planície de inundação recoberta em sua maior parte por vegetação aberta.

Entendidos os biomas, explique à classe que essa é a classificação do território mais usada atualmente, mas existe também outra bastante importante, que eles já devem ter ouvido falar: os domínios morfoclimáticos. Apresente aos estudantes o mapa 02 e peça que observem diferenças em relação ao primeiro:


Domínios morfoclimáticos. Fonte: Aziz N. Ab’Saber, 1975.






















Ouça as sugestões da turma e explique a eles como surgiram os dois conceitos e suas características principais (sabia mais no texto abaixo).

Texto de apoio ao professor - Biomas e domínios morfoclimáticos

As diversas paisagens que se estendem pelo globo terrestre podem ser agrupadas segundo alguns critérios, capazes de agregar regiões com características semelhantes e facilitar o entendimento dos fenômenos naturais e sociais. Quando falamos em paisagens naturais, há dois conceitos importantes: bioma e domínio morfoclimático.

De origem grega, a palavra bioma (bio = vida + oma = grupo) foi utilizada pela primeira vez nos anos 1940 por Frederic Clements para designar grandes unidades caracterizadas pela uniformidade na distribuição e predomínio de espécies de flora e fauna, associadas a relevo, solos e macroclimas. Mais tarde, a classificação foi aprimorada, passando a designar grandes unidades com características semelhantes no que se refere à sua fisionomia, formas de vida, estruturas e fatores ambientais associados - clima, relevo, solos e hidrografia.

O conceito de domínios morfoclimáticos (morpho = formas + clima) foi proposto nos anos 1970 por Aziz Ab´Saber, sendo utilizado para classificar as interações entre os elementos naturais construídas ao longo do tempo. Os domínios se referem a unidades paisagísticas a partir, em especial, das relações entre clima e relevo, pontuadas por paisagens distintas geradas pela variação de fatores naturais. Dentro do conceito de domínios, são valorizadas as faixas de transição entre uma paisagem e outra, deixando claro que essa passagem se dá de forma gradual e não abrupta.

Atualmente, predomina o conceito de biomas, mas é importante que a turma entenda também a ideia de domínios morfoclimáticos e consiga perceber que existem zonas de transição entre uma paisagem e outra.

Para finalizar a aula, comente com a turma os domínios morfoclimáticos do país. O amazônico é um conjunto de terras baixas com florestas, sob clima equatorial, com umidade constante (Para saber mais, leia o Especial Amazônia, disponível no site do Planeta Sustentável).Os mares de morros correspondem, por sua vez, a uma faixa com a presença de topos de morros aplainados, convexos, como se fossem meias-laranjas, recobertos em grande parte pela mata Atlântica. Entre outros conjuntos, estão a depressão sertaneja – com a presença de caatingas – e os chapadões do Planalto Central – com cerrados e matas-galeria acompanhando os rios. Destaque no mapa a presença das faixas de transição - como o agreste nordestino.

5ª aula
Na quinta aula, discuta com a moçada os riscos e ameaças aos biomas brasileiros, os limites do processo de ocupação e a necessidade de medidas e políticas públicas de proteção. Peça que examinem o mapa a seguir e comentem as principais informações encontradas:

DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO BRASIL


Domínios morfoclimáticos e biomas brasileiros

Já na década de 1960, o célebre geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab’Saber reuniu as principais características do relevo e do clima das regiões brasileiras, de modo a formar, juntamente com outros elementos naturais da paisagem, o que chamou domínios morfoclimáticos. Os domínios morfoclimáticos são a síntese de vários elementos naturais característicos a uma paisagem, o que lhe torna particular. Pelo Brasil, foram divididos em:

Domínio amazônico, de terras baixas e florestas equatoriais;
Domínio do cerrado, de chapadões tropicais interiores com cerrados e matas de galeria (ciliares);
Domínio dos mares de morros, de áreas mamelonares tropical-atlânticas florestadas;
Domínio da caatinga, com depressões intermontanas e interplanálticas semi-áridas;
Domínio da araucária, de planaltos subtropicais com araucárias; e
Domínio das pradarias, coxilhas (colinas localizadas em regiões de campos, pouco ou muito elevada) subtropicais com pradarias mistas.
Por ser formados por fatores naturais, entre os domínios não há fronteira exata e brusca mudança, mas sim áreas de transição, com características dos dois domínios separados. Um domínio morfoclimático é uma zona mais abrangente que um bioma, e num mesmo domínio podem-se reconhecer o bioma preponderante, o secundário e pequenos ecossistemas. No cerrado, por exemplo, a savana (cerrado) predomina, mas encontram-se também a caatinga e ecossistemas como matas de galeria (ciliares).

Continue lendo sobre esse assunto em:
http://oguiageografico.wordpress.com/2008/11/03/dominios-morfoclimaticos-e-biomas-brasileiros/